segunda-feira, 28 de maio de 2012

Estou enviando a vocês um artigo que talvez possa interessar.
Abraços,
Rogério
*Terapia é tão eficaz quanto droga na depressão infantil*
*Resultado é de estudo dos EUA; para médicos, tratamento combinado é a
melhor opção*
*Segundo a OMS, a taxa de crianças e adolescentes deprimidos cresce em todo
o mundo; violência e excesso de atividades são fatores*
*CLÁUDIA COLLUCCI*
DA REPORTAGEM LOCAL
A terapia comportamental é tão eficaz quanto o uso de remédio no tratamento
da depressão de crianças e adolescentes. A associação das duas técnicas,
contudo, traz resultados mais rápidos e com menos chances de recaídas.
A conclusão é de um estudo recente realizado a partir de um levantamento
financiado pelo Instituto de Saúde Mental dos Estados Unidos, com 439
crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos. O trabalho foi publicado no
"Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry".
A taxa de depressão infanto-juvenil vem crescendo em todo o mundo, segundo a
OMS (Organização Mundial da Saúde). Na faixa etária entre seis e 16 anos,
por exemplo, ela passou de 4,5% para 8% na última década. A violência
urbana, o excesso de atividades na agenda diária e a falta de espaço para o
lazer são apontados como os principais fatores.
O trabalho envolveu 13 instituições norte-americanas e testou, isoladamente,
três tipos de tratamento: terapia cognitivo-comportamental, antidepressivo
(fluoxetina) e a associação de ambos. Ao final de 36 semanas, a taxa de
eficácia dos três foi parecida: em torno de 60%.
Até a 18ª semana de tratamento, porém, a combinação de terapia
comportamental e de remédio foi melhor do que a chamada monoterapia. As
taxas de remissão (ausência de sintomas da depressão) foram de 56%
(tratamento combinado) contra 37% (remédio) e 27% (terapia).
*Tratamento combinado*
Para o médico John March, professor de psiquiatria do Centro Médico da
Universidade Duke e coordenador do estudo, se a depressão na criança for de
moderada a severa, a recomendação é que o tratamento seja combinado. Se for
leve, há indicação de terapia comportamental -e de acrescentar
antidepressivo se não houver resposta rápida.
"A terapia comportamental é muito boa, mas o tratamento combinado traz
resultados muito melhores, mais rápidos e mais duradouros do que somente a
terapia ou a fluoxetina. A associação de tratamentos também elimina o risco
de suicídio associado à medicação [fluoxetina]", explicou à Folha.
A psiquiatra Betsy Kennard, da Universidade do Texas, que também participou
do estudo, observa que, com a monoterapia, há uma demora de dois a três
meses para surtirem os resultados, em relação ao tratamento combinado.
"As crianças que recebem apenas remédio ou apenas terapia comportamental
chegarão ao mesmo ponto em 36 meses [em relação àquelas que usam terapia
combinada]. Mas, como pai ou mãe, você não vai querer ver seu filho sofrendo
por tanto tempo."
*Recaídas*
O psiquiatra infantil Fábio Barbirato, professor da Santa Casa do Rio de
Janeiro, acrescenta que a terapia associada à medicação traz menos chances
de recaída. "A depressão costuma ser flutuante: há uma melhora, uma piora.
As crianças que tomam o remédio e fazem terapia têm menos recaídas em
relação às outras."
Para Barbirato, a mensagem do estudo é que os médicos não devem desistir de
tratar crianças e adolescentes deprimidos. "Muitos acabam sendo expostos a
um tratamento ineficaz e que traz riscos à sua saúde por conta de
diagnósticos errados, baseados em mitos."
Vários estudos têm demonstrado que crianças com sintomas depressivos não
tratados possuem mais chances de cometer suicídio, de se tornarem dependente
de drogas ou de manter a doença na idade adulta. "Não tem essa conversa de
que as coisas vão melhorar com o tempo. Sem tratamento, quem sofre é a
criança."
O psiquiatra acredita que a polêmica que ainda existe em torno do uso de
antidepressivo em crianças "é coisa de profissional que não está bem
atualizado e que vai contra tudo o que existe de mais atual".
Barbirato diz que já atendeu um garoto de sete anos de idade que havia
tentado duas vezes o suicídio. "Ele já tinha passado por várias terapias
inúteis. Depois de dois anos com terapia comportamental e remédio, ele teve
alta. Está sem remédio, nunca mais recaiu."
Na avaliação do psiquiatra Eurípedes Miguel, professor titular do
departamento de psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo), a grande
importância do estudo foi ter demonstrado que a manutenção do tratamento a
longo prazo é fundamental para os adolescentes conseguirem a remissão dos
sintomas da depressão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário